Pois bem. Sempre fui inquieto,um pesquisados musical, buscando nos simples riffs o encanto, aquilo que realmente chama a atenção, que emociona, enfim, o que não é convencional e ao mesmo tempo pop. Parece uma engenharia mental difícil, mas não é. Ouço música com atenção desde criança e, depois das últimas baixas, com a morte de alguns ícones , decidi matar minhas saudades.
JAIR RODRIGUES, O ETERNO
Fiquei absolutamente triste com a perda desse cara. Desde muito cedo aprendi a gostar dele.Minha mãe o amava. Ele era divertido,invadia os programas de televisão e literalmente assaltava o palco, colocava todo mundo pra dançar,sem contar que fazia um som sensacional, com raízes profundas. Buscava o âmago do samba, da música sertaneja, tinha um gogó espetacular e, sim, peitava o sistema de tal forma que fazia da interpretação um tapa na cara da ditadura. Refiro-me , claro, à brilhante aparição dele no Festival da Record,em 1966, cantando "Disparada", um hino, música do marginalizado Geraldo Vandré, um dos grandes compositores deste país, judiado demais pelo sistema. Jair ia pras câmeras e pouco se lixava, defendia Vandré com amor e emoção e peitava o sistema. E agradava ! Além do mais, Jair , o "cachorrão", santista juramentado, amigo de Pelé, mandava demais no samba. Ouça a interpretação de "Deixa isso pra lá " Veja ainda "Disparada".Quanta emoção!. O som vinha do fundo do coração, algo que busco na música a vida inteira.