O AVESSO DO AVESSO DO AVESSO
Rapaz ,lembro ainda hoje da primeira vez em que ganhei um computador. Eu era recém-casado e minha mulher resolveu surpreender. Junto com a irmã dela maquinou durante meses até a chegada do Natal uma forma de me presentear. Resumo da ópera: perto do natal, ela me deu meu primeiro PC. Pronto, tava criada a primeira de uma série de crises conjugais nossa.
O presente, sensacional, até chorei, emocionado com a lembrança e com um desejo satisfeito. O pior foi o legado: 24 prestações pra pagar. Quem pagou a conta? Eu, o presenteado. Depois disso, instalei o computador em um lugar bacana. Não havia internet de banda larga, nem redes sociais. Toda vez que tentava uma conexão, o telefone ficava ocupado e o barulho do modem acordava qualquer um.
Gostando de brincar
Mas fui me adaptando e, pior pra alguns, gostando do brinquedo. Minha máquina tinha sensacionais 6 gigabytes de HD, cabia alguma coisinha NE ? Fui viciando nessa porra. Madrugava na internet. Comecei a namorar o PC e minha mulher, enciumada, só pensando em quebrar o presente que tinha dado a mim. Eu tinha trocado, sem notar, a patroa pelo PC. Viciado, aficionado por música, fui baixando tudo que achava legal. Ainda não dava pra ouvir rádio, nem assistir vídeos com a conexão tão lenta como era, mas começava a chamar a atenção. A irritação da mulher só aumentava: “Ah, esse cara não gosta de mim, só pensa nesse maldito computador, deve ficar a noite inteira no 5 contra 1. Desgraçado, filho da puta !!!
E veio a tal da banda larga, conexão mais rápida. Minha máquina tinha ficado velha, mas a velocidade da net já permitia assistir alguns filmes, gravar músicas , etc. Mais um motivo de ira pra mulher .
E assim fomos caminhando. Bom, estamos em 2012, à beira de 2013. Passados alguns anos dessa saga ,a internet cada vez mais presente em nossas vidas, eis que os papéis se inverteram. Minha ainda mulher agora madruga no computador. Tem mais amigos virtuais do que físicos, tudo graças às tais redes sociais, especialmente o tal do “feicibuqui”. Aí você fala com ela sobre o caso e escuta: “Ah, preciso fazer novas amizades, sair desse mundinho, conhecer gente nova, quem sabe um novo amor, etc. “.
Moral da história
A Internet, que poderia ser um instrumento de aproximação das pessoas tem se tornado um grande ponto de afirmação do individualismo. É cada um por si. O pior é que a tendência só aumenta. Nas redes sociais, por exemplo, faça um exercício: calcule quanto dos seus amigos você conhece fisicamente. Garanto que a maioria é virtual, ou seja, talvez tenha um perfil fake, ou mesmo não exista.
A velocidade da informação também está criando alguns problemas e sumindo com nosso ponto de vista crítico> Ninguém contesta as informações lidas? O Google é realmente a bíblia, o “pai dos burros” ? Cuidado galera, nem tudo que reluz é ouro. Logo mais volto com a continuação dessa história;